Uma pesca com história

A atual designação de Alvor vem do árabe Albur (charneca, baldio) após a sua conquista por aquele povo em 716 da nossa era. Vila portuguesa do concelho de Portimão, a sua tradição pesqueira está inscrita na sua matriz principal.

O início do povoamento das margens da Ria de Alvor perde-se no tempo, até à ancestralidade da humanidade. Desde a idade da pedra (Paleolítico) que o homem escolheu este local para abrigo e sustento. Existem vestígios contínuos do neolítico, da idade dos metais e dos muitos povos que aqui escreveram parte da sua história: Lusitanos, Cartagineses, Fenícios, Ligúrios, Celtas, Romanos, Godos e Árabes. No entanto, tudo indica que foi o grande general cartaginês, Aníbal, a fundar a povoação de Alvor, em 436 a.c., ainda que com o seu próprio nome: Portus Hannibalis.

Há cerca de 16 anos existia em Alvor 54 embarcações para 91 inscritos marítimos, o que contrabalança com as 27 embarcações e aproximadamente 63 pescadores ativos na atualidade. Com o fecho da lota, a primeira venda de peixe faz-se agora em Portimão.

No contexto algarvio, Alvor mantém uma forte componente de pesca ao aparelho de anzol, fruto da proximidade com a Ria, e de iscos naturais de fácil acesso, embora com custos de trabalho de assinaláveis. Aqui, as mulheres têm um papel de destaque, pois ajudam na preparação dos aparelhos, que é como quem diz a “safar o aparelho”. Nos dias que correm, os iscos são maioritariamente cefalópodes congelados (lulas/potas), que não sendo caros, facilitam a logística da operação de iscagem e são efetivos na hora de capturar. Besugos, safias, bicas e douradas são algumas das espécies mais capturadas com esta arte de pesca.

As armadilhas, nomeadamente os covos para a captura do polvo, são outra das artes importantes neste porto. Iscados com cavala e muitas vezes com um papel de prata para dar nas vistas, os covos são exímios na arte de enganar os polvos, para contento da gastronomia lusitana. As três cercadoras ancoradas no porto, lembram que a arte do cerco também conta para os lados de Alvor, mantendo a tradição de colocar a sardinha, a cavala e o carapau na mesa dos algarvios e dos demais portugueses e turistas de outras paragens.

Os pescadores de Alvor formam um grupo coeso em volta da sua associação, a Associação de Pescadores de Alvor, cujas conquistas mais recentes foram a aquisição de uma câmara frigorifica, de uma carrinha e de uma grua, que prestam apoio e facilitam a vida dos pescadores alvorenses. Os problemas que assolam a comunidade estão relacionados com a faina e com o assoreamento do canal de navegação e da barra, um problema ancestral, agravado pelos muitos viveiros de bivalves existentes, e que dificulta sobremaneira o normal funcionamento da atividade piscatória.

Os costumes e dizeres de Alvor são famosos em Portugal e bebem muito na sabedoria das gentes do mar: as pragas de Alvor. As alcunhas são também uma prática ancestral e poucos são os pescadores que não têm uma.

Gastronomia

Seguindo a tradição gastronómica da comunidade piscatória de Alvor, as sugestões são invariavelmente feitas com ingredientes naturais e frescos da Ria de Alvor, como o berbigão e lingueirão: berbigão com azeite e alho, papas de caldo com berbigão, arroz, massa ou açorda de lingueirão e caldeirada do mar.

Festividades

A festa principal ocorre na primeira semana de agosto, altura em que há uma procissão de barcos que levam a imagem de Nossa Senhora.

Interesses

Ria de Alvor, dunas, Praia dos Três Irmãos, Praia do Submarino, Praia de Alvor, percursos da natureza “Ao Sabor da Maré” (TA), desportos náuticos, mergulho no “Ocean Revival” ou nos recifes naturais.

Voltar a aldeias Próxima aldeia