Um porto seguro

No extremo noroeste da costa do Algarve, entre a Carrapateira e Odeceixe, podemos encontrar um porto seguro, protegido da nortada, de seu nome, Arrifana.

Há vestígios de ocupação humana desta área desde o tempo das comunidades de pescadores e recoletores epipaleolíticos (IX-VIII milénios a.C.). Por outro lado, terá sido aqui, na Ponta da Atalaia, que se localizou o mítico convento militar muçulmano, o Ribat da Arrifana (Al-Rihana).

Mais tarde, em tempos cristãos, para proteger a costa e a armação de atum que aí se montava nos meses de verão, foi construída a fortaleza da Arrifana (séc. XVII), cujas ruínas ainda perduram e de onde se pode avistar a Costa Vicentina em todo o seu esplendor. Esta proteção, conferida pela força dos canhões, afastava piratas mouros que almejavam não só o abastecimento de víveres e água, e o saque de qualquer tesouro ou relíquia religiosa, mas também a captura de pessoas e embarcações. Já no século XX, foi construída a rampa e depois o portinho da Arrifana, para melhor acomodar a comunidade de pescadores desta aldeia piscatória.

A Arrifana é também uma das praias mais antigas e de referência do surf em Portugal, com ondas oceânicas, que dizem ser perfeitas, quando surgem com uma altura de 1m a 4m, com um vento de terra moderado.

Estando englobada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, detém uma das únicas Áreas Marinhas Protegidas do Algarve que inclui a distinta e austera Pedra da Agulha a sul da baia, a Pedra da Carraça e a zona costeira entre a Fortaleza da Arrifana e a Ponta da Atalaia. Os fundos marinhos que distinguem esta área protegida são as florestas de laminárias, frondosas algas castanhas, aqui denominadas por “golfes”, que agarradas aos arrecifes propiciam abrigo a um número considerável de espécies marinhas.

No Portinho da Arrifana operam 18 embarcações com uma companha5 de cerca de 25 pescadores ativos, o que representa ainda uma comunidade bastante forte face a valores conhecidos de 2000, com cerca de 23 embarcações e 40 pescadores inscritos na altura, mas não necessariamente ativos.

As artes de pesca principais são: as redes de emalhar para capturar sargos, robalos e linguados; as redes de tresmalho para pescar linguados, raias e pregados e os covos e alcatruzes para o polvo. O aparelho de anzol é menos usado, mas ainda assim muito eficiente na captura de sargos e robalos, que chegam a terra ainda a saltar. E depois há a muito concorrida e disputada apanha do percebe.

A Associação de Pescadores do Portinho da Arrifana e Costa Vicentina gere o posto de vendagem, com apoio na pesagem, armazenamento, conservação a frio e no transporte de peixe para vender em Sagres. A melhoria na rampa e no molhe do portinho são os anseios mais prementes da comunidade.

Gastronomia

Os pratos típicos da comunidade piscatória são o polvo suado em azeite, a caldeirada de peixe, a moreia frita, os famosos percebes e o polvo com batata-doce do Rogil, ou da várzea de Aljezur.

Festividades

No último sábado de Julho, acontece a Festa do Pescador, cumprindo a tradição da procissão no mar e sardinha assada em terra. E à tradição antiga, junta-se uma nova, com o já famoso Arrifana Sunset Festival a acontecer sempre no dia a seguir à festa dos pescadores e no seu portinho.

Pontos de interesse

Fortaleza da Arrifana, Castelo de Aljezur, Museus de Aljezur, Igreja Nova, Arriba da Arrifana (Ponta da Atalaia), Monte Clérigo, Amoreira, Vale dos Homens, Pipa, Carriagem, Odeceixe, passeios de burro ou a cavalo, surf e bodyboard.

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